Bem vindo ao recanto do laço comprido

Este blog foi criado na ideia de divulgar o esporte classe A do brasil e contar um pouco de seu surgimento...

quarta-feira, 16 de março de 2011

O homem que laçou um avião!

Nada nos pode parecer mais estranho do que a notícia de que um homem tenha laçado um avião. A vontade que a gente sente é mesmo de duvidar, duvidar integralmente. Mas, a verdade é que a extraordinária façanha aconteceu no pampa gaúcho, em Tronqueiras, numa rica fazenda de Arroio do Só, no município de Santa Maria.
O fato pode parecer à primeira vista uma espécie de reação do gaúcho que confia no cavalo como meio de transporte diante das melhores atrapalhações do progresso. Esta é uma conjetura. A realidade é que o avião foi laçado, preso e bem fortemente por laço de 13 braças e quatro tentos.
O vaqueiro Euclides Guterres, bonitão e frajola, nascido no alto da Serra, mas que veio para a coxilha, bem cedo, até gosta de aviação e coisas modernas. É o tipo característico do peão de estância dos dias que correm, sem literatura
Pois foi Euclides Guterres, de 24 anos, solteiro, vivaz, e fazedor de proezas e espanholadas como mais ou menos são todos os peões das estâncias do Rio Grande, o homem que laçou o avião pelo nariz. Rebolou o laço e apanhou o Paulistinha num golpe certeiro. O aparelho virou bicho caborteiro, deu mais uns pulos e as rapidíssimas rotações da hélice o salvaram, cortando o laço de couro cru: o avião ganhou altura, fugiu, perdeu-se no horizonte que se confunde com a planura do descampado, carregando na fuselagem quatro braças do laço do vaqueiro.
Um verdadeiro Rei do Laço
O sensacional acontecimento, fato único na história da aviação, aconteceu no penúltimo domingo de janeiro.
À tarde, o piloto Irineu Noal, do Aeroclube de Santa Maria, resolveu realizar um vôo de recreio no interior do município. Aprontou, para isso, um paulistinha, o "Manuel Ribas", de prefixo PP-HFE e, tudo o.k., rumou para Leste, em direção da fazenda do Sr. Cacildo Pena Xavier, em Tronqueiras. Anteriormente, já havia sobrevoado o local. Perito e confiante, sentia-se à vontade, lindamente à vontade, no seu valente teco-teco.
Logo avistou a bela propriedade, a Casa Grande e todo o seu conjunto, os largos currais, a figueira velha, o mangueirão. E iniciou uma série de vôos rasantes nos arredores. O descampado era um vivo convite à brincadeira. É possível que, em dias passados, tivesse até perseguido lebre no pequeno avião, duma mobilidade admirável. Porque, então, hoje, que a tarde está assim tão clara e tudo tão limpo na frente, não voar rasteirinho à grama fofa?
Euclides Guterres (foto), cá debaixo, olhava com olho alegre a brincadeira do jovem piloto. Foi quando lhe nasceu a idéia incrível. Seria possível? Sim, claro, era possível. Tudo dependia de ter os pulsos no lugar. Então esperou. Fazia mais de meia hora que estava ali na coxilha tratando da novilha gorda, atacada de bicheira. E aquilo era monótono. Apanhou o laço, e sentiu que a hora estava para chegar.
O Paulistinha roncou em cima de sua cabeça mais uma vez. Foi a conta. Tiro dado, bugio deitado, como se diz no sul. O avião fora laçado. Acertara o alvo!
“Eu não fiz por maldade. Foi pura brincadeira.
Para falar a verdade, não
acreditava que pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas."
(Euclides Guterres)

O peão Euclides Guterres, para não ser carregado pelo avião, largou o laço. O seu temor fora em vão: a hélice, de golpe, já havia partido em duas as 13 braças de couro cru trançado.
No interior do avião, o drama era bem outro. O jovem piloto tinha na frente dos olhos um pedaço de laço e concluiu que acontecera com ele uma coisa incrível. Virou o nariz do aparelho e voou em direção da Base Aérea de Camobi, fazendo uma aterrissagem feliz. Vistoriando o aparelho no solo, verificou que a hélice estava partida. Tudo poderia, afinal de contas, ter lhe custado a sua vida.
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Surgimento do laço no Rio Grande Do Sul

Quando o gado bovino começou a dar entrada no estado, o gaúcho de antigamente, mescla de indios, espanhois e escravos, procuravam uma forma de capturar o gado, a primeira tentativa foi o desjarreteador, lança de taquara com lamina em uma de suas extremidades em forma de meia lua, assim como as boleadeiras as quais eles manejavam com destreza, o laço de couro vem logo após, peça de couro trançada com medida de 12 braças e uma argola em uma de suas estremidades.
Recebemos uma grande herança cultural de nossos antepassados, surgindo os CTGs para manterem vivas nossas tradições, quando surgem os rodeios, com provas campeiras sendo uma delas o tiro de laço, a qual consiste em campeiro, cavalo e boi. Sendo as regras claras, o laçador deve manejar o laço com 8 metros de armada, quatro rodilhas de 25 cm cada, tendo que laçar o boi pelas aspas lançando o laço em direção ao bovino dentro de uma distancia de 100m de cancha.

Hoje em dia o laço se tornou um esporte nacional, o qual ganha o nome de laço comprido!